quinta-feira, maio 24

Mais uma época que chegou ao fim....


A aura de Paulo Bento, os dramas de Derlei e as lógicas de Jesualdo. A dupla Anderson-Quaresma, o «problema» do excesso de magia em campo

Olhando o passado recente, é difícil encontrar dentro do universo Sporting um treinador com um ambiente tão favorável, apoios e elogios, do que envolve Paulo Bento, mesmo sem nunca ter ganho qualquer título, não ir longe nas provas europeias e ter estado até, em fase adiantada do campeonato, muito longe do primeiro lugar. Nem os campeões Inácio e Boloni (os únicos em 23 anos!) tiveram esta protecção e aconchego. Pelo contrário. Ganharam e saíram pela porta pequena. Como se explica esta empatia, que até a imprensa embala?
Claro, existe a competência de Bento, mas já vimos que não é isso que faz qualquer treinador ou jogador ganhar esse privilégio. Serão questões de imagem. No estilo de falar, no discurso, no olhar, nas reacções ao jogo, quando marca um golo ou quando sofre. É isso que cria uma personalidade. Bento cruza esses parâmetros e surgiu no momento ideal dentro do status do futebol português. É jovem como Mourinho e fala curto e seguro como ele. Mas tem uma origem diferente, veio do balneário, pelo que foi transformado como uma bandeira contra a vaga dos licenciados. O penteado ajuda ás caricaturas e a amaciar qualquer discussão. As bases estão aqui. Para construir a carreira, faltam os títulos. Se juntar as duas vertentes, o risco ao meio terá fortes hipóteses de substituir o sobretudo e a barba de três dias como moda futebolística nos bancos.
A aproximação ao primeiro lugar ia fazendo milagres na imagem de Fernando Santos e seus tiques com o pescoço. No Porto, Jesualdo já se riu mais vezes esta época no banco, do que em todos os clubes por onde passou anteriormente. Ter deixado de fumar terá ajudado, mas o fumo, a cada passa que dava no cigarro, dava-lhe um ar mais seguro e menos ansioso. Lá está, são sensações que se transmitem, um drama que faz ou desfaz carreiras.









O futebol, passado e presente, está repleto de personagens que despertam ódios e paixões quase irracionais. Um jogador corre atrás de uma bola que vai irremediavelmente sair pela linha de fundo e, no fim, já caído, leva um estrondoso aplauso da bancada. Outro remata por cima da barra disparatadamente, mas, como se vai ganhando por 2-0, ouve palmas entusiasmadas. Tivesse feito o mesmo perto do fim, com 0-0, e teria a reacção oposta. Um jogador corre, falha, volta a correr, vai lutando, mas sempre que toca na bola leva com um estrondoso coro de assobios. Também acontece. Derlei sentiu na pele esta realidade no último jogo na Luz, cruzando também razão e emoção. No subconsciente, para além do seu pobre jogo, a memórias das antepassadas exibições brilhantes no FC Porto. Este já é, no entanto, outro Derlei. Até no cabelo. A alma que fez o melhor futebol do Ninja em Portugal ficou perdida no Porto já vai para mais de dois anos. Com Lisandro, Jesualdo reproduziu muitos dos movimentos do velho Derlei, aquele cujo fantasma mora hoje na Luz. No jogo de emoções que é o futebol, também existe espaço para a lógica. Em geral, é assim que se fazem as melhores equipas. Como, no passado, explicou o Porto com Derlei. Como, no presente, explica o Porto com Lisandro. No futebol, como na vida, há exemplos que nos ensinam o caminho. Basta segui-los.













ANDERSON-QUARESMA:
Excesso de magia

É impossível encontrar debate mais absurdo no futebol do que discutir um excesso de talento numa equipa. Ok, existem as questões de equilíbrio táctico e as debilidades do meio-campo do Porto mais tornam sensível essa questão.
Como Anderson e Quaresma existem e jogam só para atacar, Jesualdo sente que, em certos momentos do jogo, essa explosão de magia pode tornar-se subversiva para a segurança da transição defensiva. Faz sentido pensar nisso na preparação do jogo. Custa entender que isso condicione as escolhas para o jogo.
A prevenção contra os perigos do talento rebelde passam pela definição clara das funções dos outros jogadores que jogam atrás e em torno desses mágicos. Perceber que (jogando em 4x3x3) o médio de transição que joga entre o trinco e o 10, fique sempre alguns passos mais recuados para reagir às perdas da bola ou, nessa mesma altura, que um extremo deve descer para completar o meio-campo. Tudo passa, pois, por pensar uma forma de jogar e mecanizar esses princípios. Com a ordem e o talento unidas, para evitar excessos. De um lado ou do outro.

3 comentários:

Girassol disse...

pareces o jorge gabriel no trio de ataque kakakaka

The_Godfather disse...

Lol tanto texto...=P

Prepúcio disse...

Chega de futebol pá !